Acabei de ler, noite destas, Justiça – O que é fazer a coisa certa de Michael J. Sandel,
presente do meu amigo baiano Aldo Mattos, com recomendação de leitura, dada a
atualidade do que nele se trata. O autor é professor da Universidade de Harvard,
onde ministra um curso sobre Justiça, no qual segue o ideário também mostrado
no livro. Nele se parte das concepções de Aristóteles, Bentham, Kant, Stuart
Mill, Nozick e Rawls sobre vários problemas atuais, cuja discussão implica
concluir se o que se tem é justo ou não. Diante da visão de cada qual, disseca as
teses expostas, conduzindo ao seu entendimento. Propugna, ao final, pela construção
de uma política com base no respeito mútuo, o que se consegue não simplesmente se
evitando as divergências morais, mas sim as considerando, de modo que, se não
nos ensinarem nada, devemos desafiá-las e as contestar. Talvez falte isso no
Brasil de hoje, no qual cresce a maioria silenciosa, que, publicamente, não discorda,
porém acumula no íntimo divergências insuperáveis, mas deixa que outros tomem o
seu lugar no debate público, onde, logicamente, acabam prevalecendo. Acho que
se precisaria enriquecer a cena política brasileira, o que não se consegue com
o silêncio, porém com a exposição de ideias que não podem, de outro lado, ser
rechaçadas com base na só ofensa e agressão, como tem se visto muito amiúde
entre nós.