quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Seria uma redefinição do conceito de mérito? Apreciando o cabimento de embargos infringentes, a Terceira Turma do STJ, em julgado relatado pela Min. NANCY ANDRIGHI, aferiu sobre a possibilidade de embargos infringentes em função do teor da decisão, desprezando, em princípio, a sua específica natureza. Julgou-se que cabem embargos infringentes contra acórdão que, por maioria, acolhe preliminar de ilegitimidade passiva e reforma sentença para extinguir a ação sem julgamento do mérito (REsp 1.157.383, julgado em 14.08.2012). Parece mesmo que a tanto se poderia chegar, na medida em que a decisão de primeiro grau fosse decisão de mérito, de vez que a regra do art. 530 do CPC, definidora do cabimento dos infringentes, preocupa-se com a reforma de decisão de mérito pelo acórdão, tornando, pois, a matéria deste indiferente para a definição buscada, bastando que a sentença fosse de mérito. No caso, a justificativa foi outra. Entendeu-se que a regra deve ser interpretada harmoniosa e sistematicamente com o restante do CPC, admitindo-se  os embargos contra decisão que, a despeito de ser formalmente processual, implicar análise de mérito. Para a relatora, adotando a teoria da asserção, se, na análise das condições da ação, o juiz realizar cognição profunda sobre as alegações contidas na petição, depois de esgotados os meios probatórios, terá, na verdade, proferido juízo sobre o mérito da controvérsia. Não parece que a cognição profunda e a circunstância de se passar pelo mérito para julgar as condições da ação possam alterar a questão, mas inegavelmente se chega a solução que transparece mais justa, embora, como foge da literalidade da disposição legal, coloca enorme risco na opção a seguir, pois a escolha errada nesta fase terá grande chance de matar o especial futuro.